28 de agosto de 2016

Tim Mendes e Sua Oração

Alguns críticos da musica costumam achar que no meio gospel há uma certa mesmice. Geralmente as letras, arranjos e performance vocal são quase sempre parecidos. Entretanto, uma nova safra de artistas gospel vem se destacando exatamente por decidir remar contra essa maré.
Entre esses artistas tive o prazer de entrevistar Tim Mendes (38). Tim é produtor musical, músico, compositor e interprete. Nascido na cidade de São Paulo – coração econômico do Brasil – o artista teve seu primeiro contato com a musica aos sete anos.
De origem gospel, Tim Mendes em sua infância acompanhava com os olhos e ouvidos bem atentos os ensaios e apresentação do grupo de sua igreja. Nas canjas de finais de cultos o pequeno Tim escapava dos pais e ia logo para junto dos músicos para apreciar o que se tornaria no futuro seu prazer e profissão. 
Então seu pai, senhor João Mendes, começou a observar a paixão do filho pela musica. Imediatamente colocou-o para estudar musica. O casamento do artista com seu principal instrumento, o violão, completou trinta e um anos em 2016. 

No ano de 1988, quando tinha apenas dez anos, sua família muda-se para Hortolândia, pequena cidade do interior do estado. Não havia muitas oportunidades de estudar musica como nas grandes cidades. Porém, isso não o impediu de seguir em frente.
Seu pai viajava constantemente para São Paulo, e de lá trazia os vinis do músico Djanir. Tim colocava os bolachões ‘Djanir e Sua Guitarra’ na vitrola e em pouco tempo estava tocando todo o hinário da igreja. Aqueles discos, até então, eram sua única fonte para se desenvolver como músico. 
O artista conta que teve uma infância tranquila, costumava jogar bola com as outras crianças, brincar de pega-pega, e, sobretudo, estudar. Tim Mendes sempre levou os estudos muito a sério, principalmente o estudo da musica. “Já cheguei a estudar musica nove horas por dia, só parava para comer”, ressalta.
Frequentemente a senhora Miriam, sua mãe, tinha que interceder. Na época de avaliações escolares ela o orientava a estudar menos musica e se dedicar um pouco mais às matérias da escola. O que não era problema para Tim, pois, desde criança procurou cumprir com seus deveres, sabia que aquilo seria um diferencial para a vida inteira.

No quintal onde a família morava em São Paulo havia mais duas casas e uma igreja. A primeira apresentação se deu bem ali naquela pequena igreja. Ali se reunião um grupo de irmãs todas as quartas feiras no período da manhã. Faziam suas orações e também cantavam para louvar ao Senhor.

De uma escada, o futuro músico ficava apreciando o canto das irmãs. Mas faltava alguma coisa. Claro, faltava o acompanhamento instrumental! Então Tim se ofereceu para acompanhar o grupo com seu o violão. Agora o grupo estava completo, entre acertos e erros, o garoto se empenhava ao máximo, e as irmãs sempre foram muito pacientes e carinhosas com ele, enfatiza.
Nessa mesma igreja, também não havia músicos nos cultos do período noturno, apenas um irmão que tocava de vez em quando. Mais uma oportunidade e Tim não deixou escapar. Foi quando desenvolveu mais ainda seus dotes musicais. Tirava as musicas de ouvido e começou a ajudar a igreja. “A igreja que eu frequentava antes já tinha uma banda formada, bons músicos, lá eu não ia ter vez”, destaca.
Já em Hortolândia a família passou a frequentar uma igreja da região. Lá Tim pôde conhecer Enoque Rodolfo (atual violonista de Marcos e Belluti) e Enéias filhos de um pastor recém-chegado. Um dos meninos tocava guitarra e o outro tocava contrabaixo. “Esse Enoque era muito fusado, ele tirava muitos solos de ouvido e me passou algumas coisas”, ressalta. Essa seria sua primeira experiência em uma banda. Aos onze anos seu pai o coloca para aprender trompete em um curso oferecido pela igreja.

Com quatorze anos, Tim volta a aulas de musica e escrita musical. “Passei dois anos estudando aquilo que eu já fazia na prática, porém, não entendia como era na teoria”. Algum tempo depois, frequentou o Conservatório de Musica de Tatuí, onde estudou por dois anos. Porém teve que parar com o curso pela inviabilidade financeira.
Entretanto, em sua passagem por Tatuí, Tim conheceu alguns alunos que também davam aulas. Dentre eles Marcelo Modesto (atual guitarrista de Chitãozinho e Chororó), que naquela época era um jovem estudante de musica que vivia em Campinas. Então Tim passou a estudar com Marcelo Modesto em Campinas. “Modesto é grande músico, um grande cara, ele me abriu muito o leque de musica, é em quem eu me espelho, a forma que ele me ensinou me permitiu tornar-me autodidata”, destaca.
Aos dezesseis começa a dar suas primeiras aulas de violão em um quartinho que ficava ao fundo de sua casa. Nesse período as aulas que ministrava se tornou sua principal fonte de renda. Era com esse dinheiro que pagava seu curso de Processamento de Dados e comprava suas coisas. O curso de Processamento de Dados atrelado a musica deu à Tim a base necessária para se tornar um competente produtor musical.
Com dezenove anos o artista se aventurou fazendo bicos como segurança por influência de um primo. Tomou gosto pela área e por conselhos de seu pai prestou concurso para ser policial. Tanto ele, quanto seu pai acreditava que haveria uma oportunidade de que ele entrasse para a banda da PE. Seu pai sempre o apoiou na musica, incentivado a fazer cursos e comprando de instrumento. Todavia, o senhor João Mendes sabia que era difícil viver daquela profissão e engajar na banda da polícia seria uma excelente alternativa. Embora tenha passado em todos os testes, Tim não foi aprovado no teste físico e o projeto de entrar para a banda da PE foi interrompido.
Apesar do amor a arte, o artista teve outras profissões, ainda não dava para se manter completamente da musica. Trabalhou por certo tempo em banco no período noturno. Nessa época, chegava do trabalho pela manhã, dormia um pouco, dava aulas a tarde e estudava musica a noite.    

Sua maior influência musical é a Black Music Gospel, Jazz e corais norte-americanos. Em uma ocasião, Modesto aconselha-o a tocar Jazz, pois, era o estilo que Tim gostava muito e estudava. “O Marcelo me disse: ‘cara você tem uma pegada legal, mas você precisa tocar Jazz, não tem como você estudar um estilo sem tocar ele’”. Através de um grupo de estudos, Tim começa a tocar Jazz e passam a se apresentar na noite, além de fazer free lance com bandas de outros gêneros.

O artista acrescenta que, embora goste muito de Jazz com ele não há preconceitos musicais, respeita todos os gêneros. Pois, nos variados estilos há músicos bons e ruins. “Eu valorizo muito aquele músico que não importa se ele sabe muito ou pouco, mas com aquilo que ele sabe ele tira som, faz com amor”, ressalta.
Aos vinte e quatro anos, Tim casa-se com Silvana, moça que conheceu na igreja e que iria se tornar sua companheira de todas as horas, maior incentivadora de sua carreira e mãe de seus dois filhos, Diego e Bernardo. Em uma fase de sua vida o artista passou por momentos difíceis de saúde. Porém, sua esposa estava sempre ali, cuidando e apoiando. “Hoje eu consegui chegar onde cheguei na musica, por causa dela”, revela.

Já com bastante bagagem musical, Tim Mendes passou a ser chamado por produtores musicais para participar de gravações em CDs e DVDs de outros artistas como: Prisma Brasil, Tom de Vida, Vocal Louvor, Kenia Rodrigues, Júlia Ribeiro, Sara Estevão, J. Silva, entre outros.
A oportunidade de montar seu próprio estúdio surgiu quando seu amigo Charbel (engenheiro de som) – com quem fez vários trabalhos – decidiu encerrar as atividades do estúdio e sugeriu que Tim comprasse parte dos equipamentos para montar seu próprio estúdio. Então, adaptou uma parte da casa onde morava e passou a produzir para muitos artistas independentes. Hoje Tim Mendes, em um novo e bem equipado estúdio, é conhecido e bem relacionado no meio musical pelos diversos trabalhos realizado como músico e também como produtor musical.
Perguntado sobre seus processos de compor, o artista nos revelou que todas as suas composições são baseadas em experiências de vida e em sua relação com Deus. “Às vezes eu consigo me comunicar mais com Deus cantando do que falando”. “Eu não sou uma pessoa religiosa, sou uma pessoa que ama Deus acima de todas as coisas”, enfatiza.

O CD ‘Tim Mendes – Minha Oração’ (2012), trouxe uma musicalidade diferente para o gênero gospel. O instrumental é marcado com elementos do Jazz e da Black Music, as letras traz o tema da paz, amor e adoração ao Senhor. Em suas composições, Tim sempre procura enfatizar as benevolências de Deus levando o evangelho sem cair no fanatismo religioso. “Eu vejo o evangelho com uma simplicidade como Jesus foi e o respeito ao próximo tem que haver independente da crença de cada um”, considera.
Além do tema de Abertura, o CD ‘Minha Oração’ traz as canções: Vamos Louvar, Adorador, Minha Oração, Haverá Um Amanhã, Botafogo, Digno de Adoração, Te Louvo, Me Ensina a Esperar em Tim, Nunca Falhará, Toca em Mim e Verdadeiro Adorador. Dentre elas a preferida de Tim Mendes é a musica Nunca Falhará. Para saber mais sobre o trabalho de Tim Mendes acesse: Facebook, Palco MP3 e Fan Page.

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